Sou vegetariana por amor aos animais

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(Paul e Linda Mc Cartney)



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segunda-feira, 27 de junho de 2011

A incrível história do porco Gabriel


Ivana Maria França de Negri


Foi notícia nesta semana em vários jornais, revistas e internet, a morte do porco Gabriel, aos 4 anos de idade.
Muita gente vai perguntar: “E daí? Milhões de porcos são mortos todos os dias em todo o planeta para alimentar as pessoas.”
O que esse porco tinha de diferente e especial que foi parar até nos programas da Ana Maria Braga, do Jô Soares e no Domingão do Faustão? A resposta é simples. Ele era um porco igual a todos os outros, inteligente e carinhoso, mas com um único diferencial: foi adotado e amado por seu dono que o criou como animal de estimação e não para virar toucinho, pernil, linguiça ou bacon.
Josimar da Silva Melo adotou o porco albino há 4 anos, quando o animal escapou de ser vendido a um frigorífico e teve a sorte única de encontrar o Josimar em seu destino.
O dono o chamava de filhão (pesava mais de 200 quilos!) e ele atendia quando chamado pelo nome. Obedecia e parecia compreender as palavras dele, como um cachorro. Por conta da pele rosada do porquinho, quando saíam a passeio, Josimar usava nele um protetor solar. Gabriel tomava banhos periodicamente e adorava melancia. Seu dono dizia que ele era um porco cheiroso, contrariando o estigma de que porcos são mal cheirosos e sem higiene.
Josimar sempre enfrentou preconceito por sua escolha. Certa vez, passeando com o porco com guia e coleira, como sempre fazia, foi barrado por um policial por causa da camiseta que Gabriel vestia, comprada em um Pet Shop, com a inscrição “Polícia”. O policial o fez tirar a camiseta do porco dizendo que era um insulto. Será que se fosse um cão usando a mesma camiseta, teria o policial a mesma atitude?
Essa relação incomum entre um homem e um animal, me lembra uma das falas da raposa, personagem de Exupéry no livro “O Pequeno Príncipe”: - A gente só conhece bem as coisas que cativou. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, não têm mais amigos. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.
E foi isso que aconteceu, eles se tornaram amigos e criou-se um laço forte de carinho, amor e amizade entre eles.
Por que as pessoas se espantam com o que não é o usual? Qual a diferença de ter um cão, um gato, um pato ou um porco como animal de estimação? Dizem que o porco é tão ou mais inteligente do que o cachorro. Mas alguém se importa com isso?
Aqui na cidade teve o caso de uma moça que criava um porquinho em seu quintal, mas foi denunciada por vizinhos e a vigilância sanitária proibiu-a de fazê-lo. Não sei como terminou a história, se a moça ganhou a causa ou não. Tomara que sim!
Josimar tornou-se vegetariano a partir da amizade com Gabriel. E eu compreendo perfeitamente essa sua atitude.
Dizem que um porco pode viver até 20 anos. O Gabriel foi mais cedo, teve problemas e uma parada cardíaca o levou. Mas deixou uma enorme lição para ser refletida por todos e ser compreendida nas entrelinhas.


texto publicado na GAZETA DE PIRACICABA em 26/06/2011

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